Tu lembras daquela carta?


Estou aqui para confessar algo da minha adolescência: Quando eu tinha uns quatorze anos eu tinha costume de escrever poesias. Coisas de menina nessa época. Quem pudesse ver toda a minha agenda, era cheia de estrofes, racunhos, riscos de caneta e desenhos coloridos. Para mim, isso era meu mundo. Eu me lembro que algumas vezes, colegas minhas de sala pediam para fazer poesias para mim para entregar para um suposto rapaz, seja de amor, ódio, desilusão. Tinha umas que fazia em um minuto mas teve outras que pensava e fazia. O mais engraçado é que eu fazia essas poesias pelo simples fato de achá-las bonitas. Quando eu fazia uma poesia de amor, por exemplo, não necessariamente eu escrevia porque eu estava apaixonada (isso porque, para os meninos que eu gostava, eu escrevia uma carta).

Mas um caso me chamou atenção: Eu me lembro de uma menina da minha sala que tinha pedido para escrever uma poesia para um menino que ela gostava. Desde quando eu entrei nessa escola, eu percebia que ela gostava muito dele, mas ele ainda não tinha percebido nada. Foi a poesia mais demorada que eu fiz (naquela época) para ajudá-la. A menina gostou tanto que, ela escreveu uma carta, em vez de mandar somente a poesia.

Se que eles dois namoraram. E continuaram namorando até eu sair da escola e ir para outra. Desde quando eu mudei de escola, jamais tive notícias deles dois.

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Ontem aconteceu um fato interessante. Estava passando pela comunidade do orkut da minha sala antiga e vi o orkut dela. Adicionei-a e mandei um recado para ela. Rapidamente ela mandou o msn dela e pediu que eu a adicionasse. Ficamos praticamente duas horas teclando pelo msn. Dai veio a pergunta que era óbvia de perguntar:E ele? Como está? Ainda está com ele?

Os segundos que ela demorou para responder foram o suficiente para eu deduzir que via uma grande história para contar. Segundo ela, eles dois tinham se casado e tiveram um filho que hoje está com 3 anos de idade. O casamento corria bem até que ele começou a trai-la e a maltratá-la. Hoje, eles estão separados esperando assinarem o divórcio. Fiquei triste ao saber disso tudo e até um pouco culpada por puxar um assunto tão complicado de se explicar...

Depois de tanta conversa ela disse: "nossa se tudo fosse como aquela carta que eu escrevi e aquela poesia que você fez... tudo seria diferente"

Eu apenas respondi: Mas foi.

Ela: Como assim foi?

Eu: Porque naquele momento, apesar de tudo, foi algo diferente para você. Nessa situação, a causa é mais emocionante do que as consequências. E, para você, aquilo foi mágico.

Ela: HSAHSHAHSHUA tu tens razão

Eu: ahuahsausahushasasuhuh

Ela: Feliz te ter conversado com você Kikita =D Tenho que ir, beijos ^^

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Quem disse que uma carta não traz grandes histórias? =)

4 comentários:

Anônimo disse...

Pô cara, muito massa isso ^^
Deve ter sido uma sensação incomparável pra vc ^^
Beijos e espero que a srta possa vir a criar muitas histórias :D

Thybério Bastos disse...

Uau!
Foi demais...
Eu sempre pensei nesses casos de tabela. Você faz uma coisa, e outra pessoa é beneficiada por isso.
No seu caso, foi beneficiado e prejudicado, depois de um futuro juntos... E olha q interessante... Você foi somente responsável pela parte boa, e eles, depois da sua ajuda, viveram os seus futuros, diferente do sentido da sua poesia.
Agora fica a pergunta:
Ela te responsabiliza por isso, ou agradece pelo que conseguiu na época?

Rafael cristopher drumond disse...

A gente vê como se mexermos uma agulha de lugar o futuro todo muda, ainda q de vez em quando queremos mudar o passado ruim, mas nao nos tocamos q as vezes se não fosse o passado ruim nao teriamos esse presente bom.

claro q esse nao eh o caso.

Tixa Pearce disse...

Noossa, babei com essa história!
Me lembrou a marca de uma lágrima...

Situações como essas, são tão belas... pelo momento mágico que eles viveram (e pelas trevas tbm). Mas sabe, faz-nos sentir que não estamos no mundo apenas para arredondar um número!
As ações têm reações...

como é lindo perceber isso!

 

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