Único.


Ela acordou bem cedo. Era engraçado, pois, quando era um dia qualquer, ela sempre levantava horas mais tarde. Mas esse dia era bastante diferente. Era único. Ela precisava acordar mais cedo para arrumar mais cedo suas coisas. Cada roupa e papéis espalhados pelo quarto foram se juntando vagamente com toda a paciência do mundo. Era engraçado, pois antigamente ela jamais teria tempo de arrumar, usava sempre o tempo como desculpa. Mas esse dia é bastante diferente. É único.

Todos os papéis que estavam jogados havia crônicas, contos, poesias que ela tinha costume de escrever. Alguns escreviam com bastante rapidez, outros passavam épocas e épocas tentando sair uma estrofe. Alguns ela guardava e relia, outros ela apenas deixava no chão. Mas hoje o dia é diferente. Ela juntou todos, tanto os detestáveis e os agradáveis. Juntos. Porque hoje é um dia único.

Ao arrumar todos os papéis e colocá-los sobre a mesa, ela pega um papel em branco que está em cima da escrivaninha. Começa a escrever uma carta. Faz muito tempo que ela não escrevia. A sua última carta foi para um garoto que ela gostava. Tanto que parte daquelas poesias era para ele, porém, a coragem não obteve seu prêmio como recompensa. Ganhou uma desilusão. Grande prêmio de consolação. Prêmio tão grandioso a ponto de não cometer esse mesmo gesto. Mas hoje é um dia diferente. Hoje é um dia único.

Após a escrita da carta, ela foi até o banheiro. Neste exato momento, o homem das flores chega com a encomenda. Ela vai até o portão e recebe as flores que encomendou. Ela adora rosas. Ela deixou algumas rosas em uma jarra de barro, que tinha desde pequena, e pegou outras rosas para colocar na banheira. Faz muito tempo que não se dedicava a um banho assim. Mas hoje era um dia diferente. Hoje é um dia único.

Ao relaxar na banheira, teve nostalgia e, ao mesmo tempo, começou a sentir dores. Exatamente como ela imaginava que ia acontecer. Como foi planejado. Como foi dito a ela faz um ano atrás, após fazer um exame de rotina. E deitada naquela banheira, foi a luz da janelinha do banheiro que ela viu após fechar seus olhos...

15 minutos depois do desespero familiar, ao vê-la dentro de uma banheira, a irmã mais velha, que fazia tanto tempo que não a visitava, apareceu para ver todos os exames dela e os outros pertences. Faz muito tempo que ela não acompanhava de fato a vida da irmã, mas hoje é um dia diferente. É um dia único. Quando viu o amontoado de papéis em cima da cômoda. Toda a obra de arte da irmã estava lá. Junto com a sua última quarta: “ Publique-as.”

O livro teve recorde de vendas logo no primeiro mês de morte. Mas nada irá tirar aquele dia que ele ficou reunido pela primeira vez. Pois aquele dia era diferente. Aquele dia foi único. Único.

4 comentários:

Thiago disse...

Único... Achei lindo! Lindo mesmo! xoxo.

Unknown disse...

Pqp! Adorei Kika =D
De fato, uma postagem única. Lembrei de um comentário que sempre faço: "raros são os escritores que fazem sucesso ou ficam ricos enquanto vivem". Acho que talvez eu mesmo preferisse ser imortalizado após viver ^^"

jambelfort disse...

Olá!
Meu nome é Jamerson, faço Publicidade na Faculdade São Luís.
Não escrevo tão bem, mas resolvi postar alguns textos meus
bem antigos, sei lá por qual motivo... rs
Acabei me esbarrando no teu blog, que achei bem bacana!
Divertido e Inteligente... e Ludovicense!
Você escreve muito bem, parabéns!

Um abraço,

Jamerson Belfort
www.livroabertonoescuro.blogspot.com
jamys2006@gmail.com

Anônimo disse...

Adorei. *______* Perfeitinho.

 

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